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18 abril 2012

cap 1: Deus

A DIVERSIDADE E A UNIDADE DE DEUS

Síntese 1: O homem procura encontrar no sobrenatural o que lhe dá a estabilidade emocional necessária à vida.

Síntese 2: Deus é o espírito que dá a vida, e deixa sua marca em tudo para ser encontrado, mas o homem não o reconhece.

Comentário:
       Segundo a Bíblia o homem foi criado por Deus para viver no ‘paraíso’, e exercitar sua razão com liberdade e paz (só havia o bem). A liberdade é pensar, e pelo melhor uso da inteligência se alcança a razão. A razão é a clareza de pensamento. O bom pensamento e a razão vêm de Deus, e levam à lei, justiça e paz. Deus proibiu o homem comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal porque ele perderia sua liberdade. Ele já conhecia o bem, se comesse o fruto proibido passaria a conhecer o mal. Por ser livre o homem desobedeceu, comeu o fruto, e gostou. O mal contaminou sua substância, e passou a ser sua vontade; e ele perdeu o paraíso. O homem impuro passou a ser dualista e separar tudo em bem e mal. Ele se acha bom, mas é mau, isto é inversão de valores, e o que é bem para o homem é mal para Deus. A Bíblia fala de coisas do espírito e coisas da carne, e que elas são contrárias. Paulo diz em sua carta aos Coríntios (1Cor3,19): ‘a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus’.
       Para voltar à razão (ao bem) o homem deve se reconhecer mau, mudar, e se converter. As ações de mudança são:  querer mudar,
                                                  cultivar cada mudança,
                                                  esperar,
                                                  aprender,
                                                  crescer e
                                                  ver o mundo de fora dele.
       É um processo lento dificultado pelas emoções, coisas do mundo e da carne. O fruto da conversão é a reversão dos valores.
O homem passa por diversos modos durante a conversão. Eles são: treva, irracional, inteligente, puro e perfeito. A aceitação de Deus aumenta a cada modo.
O modo perfeito é o superior, e nele só há o divino, o ‘ser’, a substância. É o lugar do trono de Deus.
No modo puro o homem está na luz. Quase tudo vê e entende, e seu entendimento é livre de instintos. É racional. Os instintos não influenciam tanto sua vontade, pois entende mais as coisas, devido à razão. Vive com pensamentos puros de amor, ligado a Deus. Percebe o seu interior ao qual dá mais valor que ao seu exterior. Sua substância está se purificando, e ele é quase todo bem, justiça e paz.
No modo inteligente o homem vive guiado por sua vontade, mas controlada pela razão. Ele é mais inteligente e racional, que instintivo e emocional. Preocupa-se com os outros, e se liga a Deus com temor e respeito.
No modo irracional o homem vive como um animal doméstico. Guiado por sua vontade, instintiva e emocional, pensa mais em si que nos outros. Só percebe o exterior e a aparência. Confunde Deus com a natureza, e o procura em superstições e mitos com temor e medo. Quando o homem irracional sentir a presença de Deus, ele começará a ‘pensar’ de verdade (raciocinar e entender), então entrará na fase de conversão para o modo inteligente.
No modo treva, o homem vive como um animal selvagem, guiado por seus instintos, e preso a uma vontade desequilibrada. Não respeita o próximo, e desconhece Deus.
Os modos superiores compreendem os inferiores, e Deus compreende todos eles. Cada modo existencial tem sua visão de Deus, e um comportamento próprio. Isto se reflete no jeito de viver, e na religião (contato com Deus). Pessoas que estão no mesmo modo pensam e sentem Deus de forma semelhante, e formam uma ‘igreja’, ou uma unidade espiritual. Por isso há muitas igrejas e denominações, pois há pessoas em variados modos existenciais. Pessoas de modos diferentes têm capacidades diferentes. Pensam e veem Deus de formas distintas parecendo se tratar de deuses diferentes, mas que são apenas pontos de vista mais puro ou menos puro do mesmo Deus. Em outro capítulo falo das faces de Deus, que é como Deus se apresenta para nós, mas aqui falo dos modos como o homem o vê. A maioria dos homens vive nos modos irracional e inteligente, e para mudar de modo precisam conhecer Deus. Violentos e psicopatas estão no modo trevas. O homem é livre, e escolhe seu caminho em cada decisão que toma.
       No livro dos Atos dos Apóstolos da Bíblia há um ensinamento referente à capacidade de entendimento das pessoas. Trata-se da vinda do Espírito Santo sobre a igreja, que diz: ‘Ficaram todos cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito lhes concedia. Achava-se em Jerusalém judeus de todas as nações. Ouvindo aquele ruído, reuniram-se e se maravilhavam de que cada um os ouvia falar na própria língua, e diziam ‘Não são galileus todos estes que falam? Como é que nós ouvimos falar em nossas línguas?’ Estavam todos atônitos, e sem saber o que pensar; outros, porém diziam que estavam embriagados pelo vinho’ (At2).
Conclusão. Deus criou tudo com conhecimento e sabedoria, e mantém a criação com a Providência (seu Espírito). Seu Espírito tudo procria a cada instante ‘agora’, mantendo a vida. Portanto também age no homem, e lhe ensina e guia, conforme o modo de existir de cada um. Deus ensina a todos igualmente, mas a percepção depende da vontade de cada um, da capacidade (de aprender e entender) e cultura (da educação e costumes).


AS CARACTERÍSTICAS DE DEUS.

Síntese: As características de Deus são as formas como o homem o percebe.

Comentário 1:
O poder.
Um homem chamado Abraão nascido e criado em ambiente politeísta, observava o poder da vida nas terras áridas. Após uma chuva temporã nos locais onde só havia cascalho, brotavam ervas que logo frutificavam. Os frutos amadureciam, as ervas morriam, e as sementes se espalhavam com o vento para nascer na próxima chuva. E a vida se multiplicava no deserto, pois a cada chuva tudo se repetia. Abraão se impressionou, pois como era possível uma planta nascer da chuva e do cascalho? Imaginou, e passou a seguir o deus da ‘vida’. Entendeu que ele era o único poderoso para dar a vida a partir de 'nada'. Viu que Deus cria todas as coisas, e as mantém (procria) repetindo a mesma coisa sem se cansar, sempre da mesma forma. Notou que havia leis, que eram cumpridas rigorosamente, e estas leis são a ‘vontade de Deus’. E assim Deus se revela na simplicidade das observações de Abraão. Não só a Abraão, mas a quem tiver simplicidade para descobri-lo, pois a simplicidade depende de querer ser simples. Nota: Ser simples não é ser simplório.


Comentário 2:
Características e atributos.
O homem percebe Deus através de grandezas compreensíveis e incompreensíveis. As incompreensíveis são: o tudo, o nada, o zero, o infinito (alfa e ômega), o eterno (o agora, tempo zero), a liberdade, a paz, a felicidade, a justiça, a igualdade, o bem, a verdade. Elas formam o poder de Deus (o trono), que tudo pode, e que é infinito e eterno no seu Reino (domínio), que é a criação. Delas saem as grandezas compreensíveis: a parte, o finito, o tempo, o espaço, a matéria e a forma.
Os atributos de Deus são as virtudes (Espírito Santo), que é o Seu ‘ser’. Eles são: único, vida, amor, luz, paz, alegria, beleza, poder, perfeição, ciência, sabedoria, verdade, santidade, criação, providência, bondade, paciência, generosidade, justiça, clemência, misericórdia, compreensão, fidelidade, longanimidade, domínio, vitória, refúgio, fortaleza, escudo, socorro, sustento, salvação, etc. Quem consegue imaginar o ser que é tudo isso ao mesmo tempo, estará vendo Deus. E quem consegue praticar alguns destes atributos, estará obedecendo à vontade de Deus.
As características e os atributos não são encontrados na realidade do mundo físico e material, mas no mundo espiritual ou metafísico. Por isso devem ser pensados, queridos e procurados.
O homem nega Deus, mas tem ideais como: liberdade, justiça, igualdade, ciência, paz, fraternidade, democracia, felicidade e perfeição, que são inspirados por Deus. Mesmo não crendo o homem quer a vontade de Deus, porque estas coisas são necessárias à vida.


Comentário 3:
A onipresença.
Deus é espírito de vida, paz, alegria, amor, luz, sabedoria, ciência, invisível aos olhos, mas perceptível por sua obra. A obra prima de Deus é a vida. Deus faz maravilhas com sua vontade, faz a semente germinar, e a planta crescer sozinha. A respiração, o metabolismo, e o existir dos seres vivos. Deus faz ser e acontecer (isto é espírito). Ele é Espírito de vida, e a dá. Então a presença de Deus em nós está na forma de vida e de bons pensamentos, pois tudo que contribui para a vida é bem, e vem de Deus. O que é contra a vida é mal (pecado), são vícios, doenças que a destroem. O mal não vem de Deus, vem do homem.
Dado um tema para discussão em grupo, ninguém fica calado, todos têm uma opinião, quase sempre diferentes entre si. Isto significa que o homem é um ser único, não há dois iguais na multidão, e a solidão é a certeza da liberdade, que é o porquê de pensar. É assim que o homem é semelhante a Deus, pois são únicos, o homem em relação ao outro, e Deus é único em relação à tudo. Deus é único, não há outro (embora queiram). Ele cria e sustenta (procria) a criação. Ele cria, e dele nada emana, pois é imarcescível, eterno, não murcha nem diminui. O homem errou, se desligou de Deus, se tornou mortal, e precisa ser sustentado (procriado). E Deus o sustenta pelas suas virtudes que existem somente para isso. Alguns dizem que Deus é uno com o homem, mas isso não é possível um deus uno porque o homem é impuro, e ela não permite esta união. Deus está no homem, mas o homem não está Nele. O homem é semelhante a Deus, mas Deus não é semelhante ao homem.
E tem mais. Deus não é um 'ser' que cai de paraquedas em nossa vida no momento que começamos a frequentar uma igreja. Isto é mito ensinado por costume e tradição. Fazem de Deus um homem invisível, e o imaginam assim, porque não sabem o que é um espírito. Os costumes mudam, mas as necessidades do homem persistem desde a caverna. Ela é constante e eterna, não se resolve, e deixa o homem desejando a paz. Quem faz isso é Deus, pois somos seus filhos desligados. Sua Santidade nos inquieta para voltarmos, porque Deus é uma necessidade concreta do homem, não uma invenção, cultura, tradição, ou superstição. O homem nasce não sabendo nada, ele aprende, e se capacita durante a vida. Mas as coisas de Deus ninguém lhe ensina, e ele sabe distinguir o que é certo do que é errado, porque Deus capacita, e ensina com sua Santidade no instante ‘agora’, em que nos procria. E uma pessoa mesmo estando em trevas poderá mudar, e se santificar, basta permitir a ação de Deus. Não precisa ser intelectual para entender Deus, ao contrário os simples entendem melhor, pois estão livres de conceitos.
O Espírito Santo é a personalização da Santidade de Deus. Ele faz querer o bem, e induz um espírito de sabedoria. A sabedoria é entendimento e aceitação das coisas queridas por Deus. Acho interessante transcrever aqui a definição da ‘Sabedoria’ contida na Bíblia (Sab7,21), que diz:
‘Há nela, com efeito, um espírito inteligente, santo, único, múltiplo, sutil, móvel, penetrante, puro, claro, inofensivo, inclinado ao bem, agudo, livre, benéfico, benévolo, estável, seguro, livre de inquietação, que pode tudo, que cuida de tudo, que penetra em todos os espíritos, os inteligentes, os puros, os mais sutis.’
‘Mais ágil que todo movimento é a sabedoria: ela atravessa e penetra tudo, graças à sua pureza. Ela é um sopro do poder de Deus, uma irradiação límpida da glória do Todo-poderoso; assim nenhuma mancha pode insinuar-se nela. É ela uma efusão da luz eterna, um espelho sem mancha da atividade de Deus, e uma imagem de sua bondade. Embora única tudo pode; imutável em si mesma renova todas as coisas. Ela se derrama de geração em geração nas almas santas e forma os amigos e os intérpretes de Deus, porque Deus somente ama quem vive com a sabedoria’! ‘É ela, com efeito, mais bela que o sol e ultrapassa o conjunto dos astros. Comparada à luz, ela se sobreleva, porque à luz sucede a noite, enquanto que, contra a sabedoria, o mal não prevalece’.
Deus é Santo (Espírito de santidade), e é incapaz de castigar. Quando corrige, faz com amor. Perdoa e ensina. Não maltrata, nem faz sofrer como dizem. É eterno, não depende do tempo, não tem dias, noites, passado ou futuro. Por ser eterno se faz presente ‘no agora’ através das leis (da natureza) que guardam a sua vontade. Por estar sempre presente ele é amor. Por estar presente e amar, compreende nossa fraqueza, quer nos conquistar, e nos levar de volta ao paraíso perdido. Ele se manifesta no ‘agora’, e nos mantém, porque senão morreríamos. Ensina, e espera paciente nosso crescimento. Neste tempo de espera não faz justiça, mas misericórdia, é o tempo da ‘graça’, quando ele faz de tudo para nos atrair, para ser encontrado e acelerar nossa mudança.
É muito difícil ter a simplicidade necessária para sentir a presença de Deus. Muitas pessoas o procuram através de mitos, mistérios, crenças, superstições, santos, anjos, mas estes são verdadeiros obstáculos que nos afasta de Deus.
Repito que a simplicidade da presença de Deus ocorre quando se sabe (ou se quer saber) para que serve a vida e as coisas, e a quem realmente se serve. A simplicidade está na inteligência pensada em oração não emotiva, na alegria (interior), na paz (interior), na beleza e nas funções das leis da natureza, que são as maiores testemunhas da presença de Deus.


Comentário 4:
A comunicação.
       Deus se comunicou com Moisés através de relâmpagos e trovões no meio de fumaça e nuvem no alto do monte Sinai, e o povo na planície ficava apavorado (Ex19). Isto significa que a voz de Deus é como um trovão que se ouve, mas não se entende. O ensinamento de Deus é como o relâmpago, com grande poder e muita luz, que dá medo. Tão rápido que nada se apreende.
       Para receber o ensinamento de Deus a pessoa deve querer e aceitar, porque o homem é imperfeito, não suporta o bom conhecimento, e se desvia do entendimento, mas Deus o prepara, como no caso de Moisés. A Bíblia (Eclo39) diz: ‘o sábio procura cuidadosamente a sabedoria, e aplica-se no seu estudo. Desde o alvorecer aplica o coração à vigília para se unir ao Senhor que o criou, e ora na presença do Altíssimo. Abre sua boca para orar, e pede perdão de seus pecados, pois se for da vontade do Senhor, que é grande, ele o cumulará do espírito de inteligência. Então ele aspergirá palavras de sabedoria como chuva, e louvará o Senhor em sua oração. O Senhor orientará seus conselhos e ensinamentos, e ele meditará nos mistérios divinos. Ensinará ele próprio o conhecimento de sua doutrina. Porá sua glória na lei do Senhor’.
       Por isso a comunicação com Deus é importante. Ela é feita por sinais e prodígios, relâmpagos e trovões. O homem deve aprender esta linguagem, pois Deus sabe tudo que ele precisa, e ele o dará quando pedir para aplicar no bem. Em resposta o homem deve emitir para Deus sinais de virtude, como humildade, simplicidade, respeito e oração. Por exemplo: Quem quer saúde deve evitar o fumo, álcool, gordura, açúcar e exercitar-se sem exagero para sinalizar a Deus que quer saúde. E ele a dará, não por mérito de quem pede, mas por sua bondade. Há pessoas que não bebem nem fumam, e têm péssima saúde, porque Deus também nega, não por maldade, mas para levar quem pede a refletir sobre suas atitudes, porque Deus é um Deus vivo, e guia o homem servil.


Comentário 5:
Características fundamentais de Deus.
       O universo é dominado por Deus, que é o princípio de tudo, o alfa, o zero, o ponto de partida. Existir é 'estar'. Antes de existir se deve 'ser', e o que não vier do ser, não existirá. Deus é Ser eternamente, tudo que existe está nele como projeto, e ele cria. Ele disse a Moisés, diga ao povo que meu nome é JAVÉ (Eu Sou), porque ele é antes de existir. Ele é a essência, o projeto, a causa, o que deve ser. Ele é o tudo, a substância única. A criação se origina na sua vontade, passa a existir ao seu comando, e cumpre sua vontade (as leis). A criação é o estar, que é a imagem, a cópia, a aparência inversa do ser. O ser ama a criação, lhe dá as leis que a envolve, a domina, e a protege com fidelidade a ela própria. Tudo funciona perfeitamente.
       Deus independe da criação. Ele cria e sustenta a criação para vê-la fazer sua vontade. Fazer a vontade de Deus é o louvor, e reconhecê-lo como Deus é adoração. Se não houvesse criação, tudo existiria para Deus, bastava ele querer. Deus é espírito. O Espírito dá o movimento da vida, e vivifica tudo. Conhecimento e espírito (ciência e vida, potência e cinética, enfim dinâmica) são os fundamentos da criação e da vida, frutos da vontade de Deus e consequência de seu ser.


Comentário 6:
Eclesiologia (sobre a igreja).
       O homem sonda a natureza, e sem saber ele procura Deus, e o encontra na natureza. O medo e o amor faz com que ele se reúna para celebrar Deus, e assim nasce a igreja. A igreja passa a ser o local da ligação com Deus, da religião. A ligação pode ser feita pelo medo, temor, celebração e adoração. O medo gera a superstição, o temor gera o respeito, a celebração gera a reverência, e a adoração gera o mito.



DEUS VIVO

Síntese: Deus é Vida, e dá vida a tudo. Faz respirar, pulsar o coração. Faz a fotossíntese das plantas. Move os átomos e moléculas das substâncias. Mantém os astros em suas órbitas.

Comentário 1:
A vida e o sangue.
       Os antigos descreviam a vida da seguinte forma:
O sangue é a alma, e retém a vida. Ele é bombeado puro para o corpo pelo coração que tem poder de dar o movimento, e distribuir o sangue (puro). Por isso o coração é o lugar dos espíritos, das ideias, do movimento, do impulso, da emoção, do sentimento. O sangue passa pelos músculos, e dá vigor e movimento ao corpo, mas se contamina pelo contato, e volta ao coração de onde é bombeado para a purificação nos pulmões, onde a impureza é queimada e expelida. Ali recebe a vida espiritual do ar, no respiro, que é o sopro do espírito invisível de Deus que entra pelas narinas a cada respiro e recria a vida. O sangue novo purificado e oxigenado é distribuído pelo coração para o corpo. O coração tem dois compartimentos o puro e o contaminado. Ele é o lugar (templo) do espírito puro de Deus, e do espírito contaminado do homem, e lugar das emoções, sentimentos, das boas e más ações. A filtragem do sangue é feita nos rins, que é a consciência, a razão, a inteligência do homem (que quer se purificar), é o discernimento, juízo e separação, onde o excesso é eliminado. O sangue tem a vida, e segue por dois caminhos o puro que constrói e sustenta, e o impuro que prejudica deve se purificar.
       O alimento material vem pela digestão, e o que é bom vai para o sangue pelo fígado, mantendo a vida. O fígado é o órgão da fidelidade, pois ele só pode admitir o que é bom. O alimento espiritual vem pelo ar, purifica o sangue, e mantém a vida espiritual. O fígado é a porta material, e o pulmão é a porta espiritual do corpo, por onde entra o espírito da vida.


Comentário 2:
Deus é vida eterna.
Deus dá a vida, e a vida é o ato de respirar agora, neste instante. Então Deus está presente no ‘agora’, que é o ponto comum entre o real e o verdadeiro (a passagem para o eterno). Tudo só existe agora, nem um segundo antes nem depois. Neste momento ‘agora’, a vida (espiritual) se transforma em existência (material). Passa de ser para estar, e cria o tempo (Kronos) da realidade. No início houve a criação, agora a cada instante ocorre a sustentação, e isso prova que Deus existe, é eterno e presente. É Deus do ‘agora’ tempo que nunca passa, tempo eterno dado de graça (Kairós). A vida é uma sequência de agora, com Deus presente, pois sem ele não há agora, nem tempo, nem respiração, nem vida, nem existência, nem realidade. Ele dá a experiência de estar vivo, e seu Espírito é vivência para o bem. Deus é vida tanto biológica quanto intelectual. O homem que vive somente a vida biológica tem o ‘ser’ morto, e precisa ressuscitar pela conversão, ou seja, pela mudança do modo de pensar. Entenda por vida intelectual como viver na razão com Deus. Exemplo: Se diz que ama, mas não respeita, então não ama, só pensa que ama. Diz que é amigo, mas não cultiva a amizade, então não é amigo, só pensa que é.
Deus é o Espírito perfeito. Por ser espírito é imaterial, adimensional e sem forma, mas ele se manifesta na sustentação da criação. A manifestação de Deus não é a criação, mas é o poder de criar, recriar, e dar vida a tudo. Ele dá ao homem inteligência e pensamento, mas não o torna um deus, mas criatura feita à sua semelhança. Pensar é liberdade, pois para pensar precisa-se ser livre, e Deus nos dá a liberdade como livre arbítrio.
Investigando a vida se descobre as leis que a cria e a mantém. Percebe-se que tudo é feito com muita sabedoria, cada coisa tem seu peso, medida e tempo. A vida é a obra prima de Deus. Observam-se coisas ínfimas, outras gigantescas, mas todas têm muita ciência, e mostram o poder de Deus. Como tudo está na medida certa e em equilíbrio, sente-se sua perfeição. Estes sentimentos ‘eleva’ à origem destas coisas, onde está Deus. A natureza é a vontade de Deus, ou melhor, é o arquivo da vontade de Deus. Cada detalhe representa uma ciência muito grande. E tudo se move e ‘funciona’. Veja uma rocha, estática aos nossos olhos, mas tem milhões de átomos se movendo sem parar, sempre a mesma ordem, sempre a mesma lei, cumprida com justiça e perfeição. Quem movimenta o átomo? Quem controla o elétron para não mudar de órbita? Quem define a quantidade de energia certa para que o elétron fique sempre na mesma órbita? Isso mostra que Deus é vivo, e dá a vida neste momento eterno do agora. Sua vontade (palavra, lei) promove os movimentos físicos e químicos, numa rotina cheia de vida e ciência, incansável, maravilhosa, no presente e eternamente. E seu espírito (Sabedoria) a faz viver mantendo seus movimentos com precisão (justiça).
Quando olho para mim, minha experiência e pensamentos, consigo perceber a ação de Deus nos fatos ocorridos. A presença num fato atual, de agora, confesso que não percebo, mas não é porque ele não está agindo, é porque eu ainda não consigo perceber. Vejamos, hoje ocorre um fato importante, e eu não percebo nada, mas passado algum tempo, no futuro, vou me lembrar dele, e vou ver o que eu planejava e queria, e o que realmente aconteceu. Houve caso que ocorreu o contrário do que eu queria, mas, percebi que foi melhor do que o que eu queria. Deus é um companheiro inseparável, nos ama e administra nosso ser, se permitimos. É Deus presente, Deus amor, Espírito de vida, vivo em nossa inteligência, não vivo na memória. Muitas pessoas não percebem, e chegam a zombar quando alguém lhes fala disso, porque vivem no desconhecimento, e vivem mal. Mesmo que vivam bem no mundo, fazem mal para si mesmas.


Comentário 3:
A experiência.
            Outro dia ouvi uma música antiga, que dizia:
   ‘Quem é que não sofre por alguém?
    Quem é que não chora uma lágrima perdida?
    Quem é que não tem um grande amor?
    Quem é que não sofre uma grande dor?’ Ou algo assim.
Aí pensei comigo. Como é que as pessoas gostam de se iludir e sofrer. Isto é uma adoração ao deus da dor. Será que é difícil cantar à alegria e ao amor verdadeiros? Adorar um deus que nos dê alegria em vez de dor?
É difícil de acreditar, mas as pessoas escolhem o mal, a ilusão, o sofrimento e a dor. Muitos cantam esta música, e sofrem, sem nunca ter tido uma experiência amorosa, ou uma desilusão (palavra sugestiva esta!). Sofrem por amor à ilusão e ao sofrimento, porque são guiados pelo espírito da moda, ou pelo espírito da música, que diz que todo mundo sofre. Que treva! Que ignorância! Vamos pessoal! Mude de direção! Troque de caminho! Corrija seu proceder! Deixe se guiar pelo espírito de Deus. Converta-se à alegria, à paz e ao amor verdadeiro. Cante à paz, à alegria, à vida. Cante ao Deus vivo, porque só Ele dá a experiência de viver o bem.
Alguém diz: eu quero viver a vida, e experimentar as coisas (más) enquanto estou vivo. Muito bem. Experimente também as coisas BOAS, do bem. Compare-as. Que experiência tem uma pessoa que só vive a vida do mundo? Tem meia experiência, só a experiência do mundo, que é uma experiência negativa, que não serve para nada, ou melhor, serve para a violência, a destruição e a morte. Falta-lhe a outra metade. Diga-se de passagem, falta a melhor parte, que é a experiência do bem e da liberdade, pois só ela é válida, só ela tem valor. Só ela produz frutos de bom conhecimento, entendimento, respeito, ordem, paz, alegria, amor. Enquanto a experiência do mal é indecisão, é não escolher o bem, porque o bem tem que ser querido e escolhido, é não usar a inteligência e a liberdade. Ninguém precisa viver em brigas, confusões, guerras e sofrimentos. Se quiser pode viver estas experiências lendo a Bíblia, porque ela narra a história do povo Hebreu (Israel), para nos ensinar, dar experiência e conhecimento. Este povo sempre viveu perseguido e escravo, entretanto não foi destruído, porque a mão de Deus o guia. Isto a Bíblia ensina e mostra como. Ao lê-la você vai ter todo tipo de experiência que duraram gerações, e as viverá numa leitura, sem sofrimento real, mas em compaixão e comunhão, conhecendo e entendendo várias atitudes dos homens. Aprendendo a viver humanamente o perdão, a paciência, e a injustiça; e espiritualmente a vitória, a glória, a sagacidade, a inteligência de um povo escolhido. Isto é experiência.
Deus diz ao homem: ‘Coloco diante de ti a água e o fogo: pegue o que deseja. A vida e a morte, o bem e o mal, estão diante de ti, o que escolher lhe será dado, porque é grande a sabedoria de Deus’ (Eclo15,17). Pois é, o homem é livre para escolher, então a cada 'agora' de sua vida escolha o bem, senão vai ficar com o mal, que é o padrão humano. Escolha o melhor. Escolha o bem.


Comentário 4:
A oração.
Deus dá a vida. E a vida é uma sequência de respiros, ou seja, uma sequência de momentos ‘agora’, onde ele está presente. A oração é o diálogo com Deus. Ela pode ser individual e coletiva. A oração individual serve para reclamar, desabafar, pedir perdão, perdoar, também agradecer e elogiar. Na oração coletiva, se fala do coletivo. O falar com Deus traz à luz questões que estão escondidas no inconsciente. Posta a questão sua solução poderá ser imediata. Isto é Deus agindo instantaneamente no agora da oração. No caso coletivo, os problemas publicados passam à consciência coletiva, ou seja, muitas pessoas que não os percebiam, e podiam até ser causa, passarão a vê-los, e contribuirão para sua solução. Isto é Deus agindo no agora da oração. Se a resposta demora é devido à complexidade do agir humano, da capacidade de entendimento, ou de ações coletivas mais complexas. Isto pelo lado humano da oração, enquanto que pelo lado espiritual, há de se ver se o pedido tem fundamento para ser atendido.


Comentário 5:
A vida é uma religião.
Deus dá o bem, mas o bem coletivo, o bem do próximo, não o bem egoísta. Todos se acham bons e do bem, mas são maus, e este pretenso bem é egoísmo disfarçado. O pensamento no verdadeiro bem é a vida e a verdadeira religião, e ele cria ligações de neurônios que resultam em reflexos, instintos e novos pensamentos para o bem. Como o homem é egoísta, portanto mau, ele precisa se reeducar para montar no seu cérebro uma nova rede de neurônios pensadores do bem. Para isso a pessoa deve querer, e se empenhar nos pensamentos do bem. As igrejas e o culto religioso deveriam (pois não fazem) ajudar na formação do novo homem religioso, para que a sociedade viva a vida no bem, com Deus.


SENHOR

Síntese: Só há um Deus (Javé) e só um Senhor (Jesus).
Comentário:
Quando Deus apareceu a Moisés no Monte Sinai (Ex3), ele se identificou como: JHWH, traduzido como EU SOU O QUE SOU (Javé ou Jeová). Minha sugestão para a tradução é ESTOU SENDO SEMPRE O QUE SOU, porque definiria melhor o nome de Deus. Pois ESTOU SENDO contém o sentido da ação contínua no instante agora, para o homem, através da sua vontade (leis naturais) para a sustentação e recriação das coisas. Veja que tudo na natureza se auto equilibra, sempre. Em SEMPRE ele garante que a sua vontade será realizada corretamente no tempo exato, como algo eterno, justo e perfeito. Em O QUE SOU tem o sentido de SER, de substancia, conteúdo, que preenche tudo segundo sua ordem.
Os israelitas no Velho Testamento chamavam-no SENHOR (Adonai), pois era proibido pelos escribas, falar o seu nome JAVÉ, para não correr o risco de desrespeitá-lo pelo segundo mandamento. Mas para os gnósticos da época de Jesus, Javé era deus do mal. Acredito que foi isso que levou os escribas a proibir falar o nome.
A palavra Senhor tem o sentido de proprietário, dono de tudo, e insinua que todos estão a seu serviço para servi-lo. No Novo Testamento o título Senhor é dado a Jesus, pois ele foi o ‘enviado’ para ensinar, e dar exemplos da vontade de Deus. Foi morto, ressuscitado, colocado à direita de Deus que o tornou Senhor dos homens (At2,32), porque sua morte serviu para resgatar o homem da morte.
Quando falo em Senhor me lembro dos servos, aqueles que servem ao senhor. Na opinião popular sobre religião, os servos são ‘cordeirinhos’ obedientes, submissos e manobrados pela igreja. De fato, devem ser cordeiros submissos e manobrados por Cristo, e não pela igreja. Devem ser sem vontade própria, pois renunciaram dela, para renascer novo homem em Cristo. Mas o que o popular não sabe, e só saberá se provar, é que o Senhor dá aos seus servos carta de alforria para a liberdade definitiva. O Senhor é bom, generoso, cheio de bênçãos para os seus, e os trata com muito respeito, sem distinção ou preconceito, com paciência e perdão, dá o peixe (sustenta) enquanto ensina a pescar. Quando o servo souber pescar, e se sustentar, recebe a alforria. Só que os servos permanecem com seu Senhor usufruindo de sua magnanimidade e misericórdia, porque este é o melhor lugar para se ser, e estar. A opção de não ser servo do Senhor, é caminhar pelo caminho largo e festivo da vida, o caminho padrão do homem, que é ser escravo do erro, servindo a outros deuses, e vivendo uma vida falsa de engano e ilusão.
A verdadeira liberdade é aquela adquirida pela libertação dada pelo Senhor, pois ele resgatou o homem comprando-o do pecado com sua vida, e aquele que não quer ser resgatado do pecado permanecerá escravo dele.


AMOR

Síntese: Amar é querer estar sempre junto de quem se ama.
Comentário 1:
       Amar é estar perto de quem se ama gozando as coisas boas, e aceitando com paciência as desagradáveis. Mas no amor tudo é agradável. Se há algo desagradável é porque falta amor, pois o amor justifica, faz tudo parecer certo, entende e explica a falha do outro, e torna tudo agradável. Quando se diz que Deus nos ama, quer se dizer que ele está sempre conosco, para proteger e guiar no melhor caminho.
        Os gregos antigos identificavam quatro tipos de amor:
                           1- Eros que é apego, paixão, atração física.
                           2- Storgos que é afeto, amizade.
                           3- Filia que é fraternidade, amor familiar.
                           4- Ágape que é misericórdia, caridade, amor de Deus.
       O amor de Deus é o mais puro e perfeito, pois espera a vida inteira que o amemos. Ele opera em conversão, comunhão e providência. A conversão é do inferior para o superior, a comunhão é entre os iguais, e a providência é do superior para o inferior. Depois do amor de Deus o amor dos pais é o mais importante. Por isso Deus se apresenta para nós como Pai.
       A melhor descrição que vi para o amor de Deus é a do apóstolo Paulo em sua primeira carta aos Coríntios (1Cor13), que diz:

‘Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver caridade, sou como o bronze que soa, ou como o sino que toca. Mesmo que eu tivesse o dom da profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência; mesmo que tivesse toda a fé a ponto de transportar montanhas, se não tiver caridade, não sou nada. Ainda que distribuísse todos os meus bens em sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, se não tiver caridade, de nada valeria!
A caridade é paciente, é bondosa. Não tem inveja. A caridade não é orgulhosa. Não é arrogante. Nem escandalosa. Não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não guarda rancor. Não se alegra com a injustiça, mas se rejubila com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta’.

        A caridade (amor de Deus) se resume em fazer o bem ao próximo sem esperar nada em troca, nem dele, nem de Deus, porque é nossa obrigação amar (é a lei). E quem ama está acima da lei, a lei não o alcança porque ele a cumpre, e dela não deve ter receio. Quem se ofende é porque não ama, e não sabe perdoar. Se não amamos descumprimos a lei, e pecamos. O pecado é o contrário do amor, e faz o homem imperfeito.
        O bem ao próximo normalmente não é aquilo que ele deseja, mas aquilo que ele precisa para se aperfeiçoar. Há uma ajuda emergencial, um socorro, mas a verdadeira ajuda é a caridade, pois ela faz crescer, e se tornar independente, ela é libertadora. Como diz o ditado: ‘Não só dê o peixe, mas ensine a pescar’. O peixe pode ser dado na emergência, mas o importante é ensinar a pescar, isto é caridade. A caridade é um sentimento que embriaga no bom sentido, traz prazer, paz, alegria e liberdade. A liberdade é um dom de Deus, que traz autonomia, e faz se desprender de si e dos apegos.
        Quem vence uma luta se torna responsável pelo vencido, e tem que cuidar dele. Se der a liberdade ao vencido (quando ele conseguir caminhar livre), o vencedor também se liberta da responsabilidade de cuidar dele. Quem ama faz de graça pelo prazer de ajudar, e não há compromisso após o feito, pois o amor liberta o ajudante e o ajudado. Quando houver dependência, é porque está faltando amor. Deus dá amor, e o amor traz a liberdade; e ambas são dons de Deus.


Comentário 2:
       Amores
       Amar é querer estar junto, bem juntinho. Quem ama não vê defeitos, só descobre maravilhas e gozo junto a quem ama. Mas há amores e amores.
       Amor material é aquele que quer a pessoa e seus bens, e quanto mais tem mais deseja.
       Amor humano, aquele que compreende, perdoa e espera.
       Amor espiritual, aquele que quer gozar as maravilhas de Deus e sua proteção. Contempla a natureza e descobre o poder de Deus. Percebe sua justiça e fidelidade em suas leis (naturais), e no amor. Na precisão com que ele faz tudo acontecer. Num nascer ou por do Sol. Num céu de estrelas. Num campo sem flores, e nele com flores. Na beleza e delícias dos alimentos. E muito, muito mais. E tudo isso porque nos ama e quer o melhor para nós. Amar é reconhecer estes atributos de Deus. Amar é agradecer a Deus pela vida de tudo que existe, em elogios e louvores. Desamar é fazer ao contrário: amar a feiura, a violência e as coisas negativas.
       Amor de Deus, aquele que Ele tem por nós. Ensina-nos para nos tirar do barro do chão, porque mesmo feitos do barro agora somos vida, e Ele espera nosso despertar para esta vida.


Comentário 3:
Amor emocional e amor racional.
O amor emocional é o amor do homem. Egoísta, quer fazer a sua vontade e se satisfazer. O direito de ser feliz.
O amor racional é o amor de Deus, que quer renúncia, paciência e compreensão. É o amor do bem comum, que às vezes é contrário ao desejo da pessoa, mas é bom para o outro e toda a comunidade. É o amor do dever. Devemos deixar nossa vontade e fazer a vontade de Deus, que é boa para todos.


VERDADE

Síntese 1: A verdade (absoluta) é a vontade de Deus.
Síntese 2: A verdade são as leis que sustentam a criação.

Comentário 1:
Verdade como ciência.
A verdade absoluta é a vontade de Deus, ela está nas leis da natureza, e a partir dela é que tudo foi criado. Leis que inspiram as ciências dos homens (física, química, biologia e outras). A inteligência do homem é curiosa, e precisa se comunicar; quer conhecer, e estudar as coisas. A necessidade, o medo e a sobrevivência aumentam esta curiosidade. Tudo isso levou o homem a falar, e criar a escrita para se comunicar. A escrita trouxe progresso, e abriu espaço para pesquisa, estudo e registro do conhecimento. O homem acredita que tudo que sabe é verdadeiro, e seu conhecimento passa a ser crença, e na procura da verdade pode encontrar Deus.
A verdade que se conhece é a verdade do homem, e são as ciências. Ela é uma visão parcial da criação e de Deus. É imperfeita, pois sofre influência do tempo, dos esforços e dramas do observador. A verdade (absoluta) de Deus é EU SOU O QUE SOU, e a do homem é EU SOU O QUE PENSO QUE SOU, que é sua realidade. As ciências são visões de baixo para cima, do homem para Deus. São duplamente falsas, primeiro porque cada pessoa tem uma visão, depois, porque a realidade muda a cada instante, e o que se vê agora, não continua vendo. O homem vive no mundo real, não entende a verdade, nem alcança Deus. Por exemplo. Olha-se para cima e diz que o céu é azul. Se toma um balão sobe ao alto no meio do azul, não o encontra, só o vê ao longe. Assim é Deus está entre nós, mas é inatingível, só pode ser percebido. Deus não é a natureza, mas deixa marcas nela, para ser encontrado por quem o procura.


Comentário 2:
A Verdade é única como Deus.
A verdade é única e sem tendências, mas existe a verdade do homem, que é parcial, tendenciosa e específica (ex. verdade religiosa, científica, popular). Através dela pode se aproximar da verdade única, mas para isto é preciso usar a Sabedoria que vem do espírito de Deus. De Deus vem a Verdade, das ciências vem o conhecimento humano. A verdade confirma o conhecimento verdadeiro (seja religioso, científico, popular), e nega o tendencioso. A verdade é o ponto de convergência de todas as tendências.
Podemos procurar a verdade de dois modos:
1- do homem para Deus (de baixo para cima, do fim para o princípio, da diversidade para a unidade).
2- de Deus para o homem (de cima para baixo, do princípio para o fim, da unidade para a diversidade).
A visão de baixo é a realidade, a visão dos homens, seja ele intelectual, filósofo e cientista. É uma visão fragmentada da verdade, com focos de interesses, que leva à distorção da verdade, e a falsas conclusões. Cada pessoa tem uma opinião diferente da mesma coisa, esta diferença gera a autodefesa, que gera a fortaleza, que gera o egocentrismo, que gera o egoísmo, que gera confusão.
A visão de cima é a Verdade, que é única, pois não há mais que uma verdade. Por isso a Bíblia manda deixar a própria opinião, e converter-se à verdade dela. Porque ela gera o desprendimento das coisas, e não deixa formar o egoísmo. A visão de cima é a visão de Deus, que vê tudo como um ponto, sem início nem fim, sem distâncias e sem tempo. O homem não é eterno, e depende do tempo para que o ponto se mova, e crie a realidade em figuras, objetos, e volumes.
A visão de baixo é a ciência, e a de cima é o entendimento da ciência. Este é o limite entre Deus e o homem: que o homem descobre a ciência (vindo de baixo), mas Deus dá o entendimento da verdade (vindo de cima). Pois o homem explica, mas só Deus dá o entendimento e o discernimento entre o verdadeiro e o falso (pois cada um entende de um jeito, mas só um destes entendimentos é afim com a verdade). A princípio, um cientista religioso estaria mais capacitado a ter as duas visões, pois saberia discernir o bem e o mal. Quem não admite o Espírito de Deus, eliminou a fonte de Sabedoria, fica incapaz de perceber a verdade, e não sabe discernir. Já quem consegue discernir, deve agradecer a Deus com glórias e louvores, pois o poder, a ciência, o entendimento, o discernimento e a verdade, são atributos (do Espírito) de Deus, e ele os dá a quem pede. Mas na sua perfeição, Deus só permite que o homem simples peça, e ele receberá, pois é de boca de criança que sai a verdade.
As visões são modos. Vamos agora aos caminhos.
Há quatro caminhos que pretendem levar ao conhecimento, que são: a filosofia, a igreja (tradição), as ciências e a religião (as escrituras). A filosofia quer o conhecimento amplo, e se confunde. A igreja prefere a celebração e o louvor, à conversão; e o homem por ser mau, prefere a igreja devido à ignorância, ao mito, ao mistério e à superstição. A ciência estuda a realidade, mas como ela muda a cada instante, as ciências não chegam à conclusão. As escrituras falam do conhecimento com entendimento que é o Espírito de Deus, a visão de cima para baixo, a Verdade.
A Verdade é encoberta pelo preconceito do cientista, e pela superstição da igreja, e estas são suas diferenças. Só encontra a Verdade quem supera as diferenças.


Comentário 3:
Perspectivas.
Para completar o raciocínio anterior, faço esta comparação. Conhecemos do desenho as perspectivas paralela e cavaleira. Ambas têm um ponto de fuga, sendo que na paralela este ponto está no infinito, e não aparece no desenho. Na cavaleira o ponto de fuga não aparece, mas é facilmente notado. Assim é Deus, difícil de ser encontrado por quem anda em paralelo para não encontrar, e logo reconhecido por quem procura e já ouviu falar. Deus é o ponto de fuga das perspectivas de pensamento, mesmo quem pensa em paralelo há de encontrá-lo se procurar.
Comparando com o comentário anterior, digo que a visão de baixo é a visão em perspectiva paralela, aquela no nível do chão. Enquanto a cavaleira é a visão do alto, de cima. Quando se sobe um morro amplia-se a visão, e quanto mais se sobe mais aumenta o campo, até que do espaço poder-se-ia ver a Terra sumir por um ponto de fuga.


Comentário 4:
A Verdade, o dever e o direito.
A Verdade é a vontade de Deus, e segui-la é a Justiça. A justiça é não pecar. Só o monoteísmo tem juízo de valores (Lei e Justiça), e exige que cada um escolha agora se quer pecar ou não. Porque há um só poder soberano e uma só vontade, a de Deus. O homem pode escolher, mas se quer a verdade deve escolher Deus, servi-lo em oração, e assumir o dever de não pecar. A Verdade é só uma, a de se ter atitudes justas com as leis de Deus, que são imutáveis, e impedem o homem de pecar. A Verdade é cumprir a lei, ou seja, cumprir nosso dever. O direito é exigir que o outro cumpra a lei, mesmo que quem exige não a cumpra. O dever vem do monoteísmo, e o direito do politeísmo, pois ele permite que se escolha outro deus para fugir do dever.
O direito exalta o homem que se acha poderoso e perfeito em seus direitos, enquanto o dever impõe ao homem a obrigação de amar o próximo, com paciência e perdão. O dever é o sacrifício de louvor que o homem oferece a Deus em sua batalha espiritual diária. Este sacrifício purifica e aperfeiçoa sua inteligência levando-o a atingir a Sabedoria, que é o braço esquerdo de Deus. E esta é a verdadeira religião.


Comentário 5:
       A Verdade, onde está?

Primeiros conceitos:

      na filosofia                      na Bíblia                       no livro: Quem sabe?
         física                         mundo material                     realidade
           X                                   X                                           X
       metafísica                   mundo espiritual                    verdade

A Verdade é desconhecida de todos, e todos querem dominá-la, mas ela está além da capacidade humana. O homem que a procura deve projetá-la para além de seu raciocínio, no campo espiritual desconhecido, e seguir naquela direção. Mas ela é inacessível, e ele deve saber disso. Deve procurá-la com a inteligência simples. Não adianta pensar que já a encontrou, nem acreditar em quem assim diz. Porque o homem cansado de procurar se apega aos sonhos, e cria regulamentos humanos. Temos como exemplo:
A justiça que segue rigorosamente os pontos e as vírgulas do Código Processual termina se afastando da causa em juízo.
A igreja segue com rigor suas tradições, e se afasta da Sabedoria.
Tudo isso porque a Verdade pertence a Deus, e Deus põe condições para o homem chegar nela. Seria a Verdade a ‘árvore da vida’ no paraíso, guardada por anjos? Sabe-se que a Verdade é um atributo de Deus, e quem a procura sabe que não vai encontrá-la. Mas no caminho conhecerá outros atributos, que lhe darão equilíbrio, a ciência da paz, a ciência das coisas, a alegria, a sabedoria, o bem e o porquê de viver. Embora todas elas sejam inatingíveis por completo, o homem saberia que elas existem, as veria, e desfrutaria delas nos seus momentos com Deus.

Comentário 6:
Uma analogia
Podemos comparar a verdade a uma planta do tipo ‘trepadeira’, onde a haste que guia a planta é a verdade, reta e direta para o alto, enquanto a planta serpenteia ao longo da haste, enrosca-se, sobe, mas não substitui a haste. Neste caso a planta seria o homem, e a haste a verdade. Ele segue a verdade, precisa dela, envolve-se nela, mas nunca a possui, no máximo consegue ficar grudado nela.



COMO O HOMEM IMAGINA DEUS?

Síntese: O homem quer humanizar Deus para não se assumir pecador, e se tornar um deus.
Comentário 1:
             O homem imagina Deus nas formas de humano, soberano e impessoal, das quais derivam os sistemas religiosos politeísta, monoteísta e panteísta.
O homem humaniza Deus para não assumir que é pecador, para se achar bom, e se justificar. Cria um deus homem. Tira Deus do mundo espiritual trazendo-o para a realidade. No caso de Deus soberano, a Bíblia mostra-o soberano e pessoal. Um deus impessoal só é possível num processo, assim ele deixa de ser deus para ser o processo.
           A ideia que se tem de Deus depende da fé. Por isso é bom conhecer os conceitos que existem, para poder estudá-los, e enriquecer-se de conhecimento. Como diz Paulo em sua carta Ef 4,12:
‘para o aperfeiçoamento dos cristãos, para o desempenho da tarefa que visa à construção do novo corpo de Cristo, até que todos tenham chegado à unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, até atingirmos o estado de homem feito, a estatura da maturidade de Cristo. Para que não continuemos crianças ao sabor das ondas, agitados por qualquer sopro de doutrina, ao capricho da malignidade dos homens e seus artifícios enganosos’.
Em 1Cor15,46. ‘Mas não é o espiritual que vem primeiro, e sim o animal. O espiritual vem depois. O primeiro homem, tirado da terra, é terreno, o segundo veio do céu’.
Em 1Cor2,14. ‘Mas o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, pois para ele são loucuras. Nem as pode compreender, porque é pelo Espírito que se devem ponderar’.
Deus é o centro de tudo, mas o homem quer ser o centro. O egoísmo vem da necessidade de autoafirmação, e o homem se obriga a vencer, e ser o melhor para ficar no centro. Mas quando olha o céu à noite, fica na presença de Deus, e vê que ele não é nada. Tudo fica ainda mais difícil de aceitar! Com o orgulho ferido, quer viver num mundo de sombras onde sua luz possa ser notada. (Por exemplo: Adão deixou o Paraíso, e veio para o mundo, por causa do fruto do conhecimento). No mundo pode-se brilhar muito, e ser notável, mas perto de Deus esta luz desaparece, então é melhor se afastar dele para que sua luz apareça. No caso inverso, à medida que se conhece Deus, se aproxima mais, fica iluminado, e Deus gera ‘Cristo’ no homem. Como diz Paulo: ‘Eu vivo, mas já não sou eu; é Cristo que vive em mim.’ (Gl2,20).
Algumas pessoas não aceitam renunciar a si, e se desculpam dizendo que Deus é uma invenção do homem para manipular os outros, mas ele não será manipulado. Mas quem molda o Cristo no homem, senão Deus? É claro que é preciso querer e deixar. Precisa se dispor à introspecção e à oração, sem as quais o Cristo não é criado. E o que é este Cristo criado? É o conhecimento e o desejo de santidade que não se conhecia, nem se tinha, e a santidade não engana, ela só vem de Deus, porque só ele é santo.
Entretanto, deve-se ter cuidado, pois o homem pode criar deuses conforme sua imagem e semelhança. Um deus que atende ao homem naquilo que ele quer. É o politeísmo, e em particular, o monoteísmo do deus humano. Por isto há diversas denominações de igrejas, apresentando ‘Cristos’ diferentes umas das outras. Desconfie, pois são falsos deuses vestidos de Cristo (anticristos). Paulo diz:
‘Ninguém se engane a si mesmo. Se alguém dentre vós se julga sábio à maneira deste mundo, faça-se louco para tornar-se sábio, porque a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus’. 1Cor3,18.
A oração é a melhor maneira de se aproximar de Deus. Ela deve ser um diálogo para agradecer, pedir, desculpar-se e elogiá-lo por suas virtudes. Agradecer pela vida e pelas coisas. Confessar os erros e fraquezas. Falar dos sentimentos e desejos. Pedir ajuda para si e para os outros. Esvaziar o coração. Quando faltar palavras, silenciar, e voltar à oração. Ler e meditar as escrituras. Cantar salmos. Mas evite orações decoradas (rezas), pois elas tiram o foco de Deus, e o diálogo perde poder, mas se ainda não for possível, elas são melhores que não orar. Oferecer orações a santos e anjos é idolatria, pois oração oferecida é adoração, e assim o santo é adorado. Os santos não podem ser intercessores, pois os únicos intercessores entre o homem e Deus são Jesus e o Espírito Santo. Os 'santos' estão mortos e aguardam o dia do Juízo.
A falta de oração afasta de Deus, e o pensamento se volta às questões ordinárias, que dominam a alma, e ocupam o lugar de Cristo. Quem não tem tempo para a oração está ligado a outros interesses, a outro deus. Isto exige de Deus bondade, compreensão, paciência e misericórdia para mantê-lo.

Comentário 2:
O profeta e eu.
Passeava pela praça pensando em meus problemas, quando deparei com um senhor que começou uma conversa. Tivemos o seguinte diálogo:
Profeta: Filho está pensando em seu deus? Não, respondi. Não tenho deus, acho que eu devo resolver meus problemas.
Profeta: Ah, o humanista não consegue resolver seus pequenos problemas, e quer resolver os da humanidade! Você precisa de um deus para te salvar de seus problemas.
Respondi: Então me dê uma sugestão.
Profeta: Vejamos. O profeta se concentrou por um instante e disse:
‘Oráculo do deus Experiente: Levante estas âncoras e zarpe. Deixe seu porto seguro’.
Respondi: Verdade, o homem só sabe lançar âncoras, e se prender. Já pensei em largar tudo, mas é pior, é melhor deixar como está.
Profeta: Mas assim não resolve o problema. E disse:
‘Oráculo do deus do Direito: Procure um sacerdote meu, e ele o salvará do problema, e te dará seus direitos’.
Respondi: Não acredito. Minha situação é complexa, e pode dar errado.
Profeta: Há outro oráculo, quer ouvir?
Respondi que sim, e ele disse:
‘Oráculo do deus que cura tudo: Continuando assim você terá problemas de saúde, mas procure um sacerdote meu que ele vai curar todos os efeitos´.
Respondi: Ainda não cheguei lá, e espero não chegar a esse ponto.
Profeta: ‘Oráculo do deus Rápido: A solução mais rápida para os problemas é a morte’.
Respondi: Já pensei nisso, mas não quero minha morte, e a dela talvez.
Profeta: Sinto muito não poder te ajudar, mas vamos tentar de novo. Voltou a consultar os deuses, e disse: Há algum deus que possa salvar meu irmão?
Esperou e a seguir disse:
‘Oráculo do deus Verdadeiro: Perdoe, e a tristeza se converterá em sorriso, a dor em alegria, e as queixas em louvor. Se ajuste à situação, e terá paz para sempre’.
Respondi: Perdoar?! Que nada. Seria uma derrota.
Assim terminou nosso diálogo.


A LINGUAGEM (E CIÊNCIA) DE DEUS

Síntese: A ciência de Deus é a maior e a única ciência, e dela derivam todas as demais.

Comentário 1:
       As interpretações.
       Deus ensina coisas superiores e complexas de forma que todos possam entender. Usa parábolas e alegorias para transmitir conhecimento, e permitir que cada um entenda conforme sua capacidade. Por isto se deve ter cuidado com as opiniões que ouve e lê, pois se as capacidades são diferentes as interpretações também são. A Bíblia expressa o ensinamento de Deus. Ela é composta de vários livros, escritos em tempos e condições diferentes. Foi traduzida para o grego, para o latim e para as línguas locais. Às vezes são traduções que dependem de interpretar as ideias do escritor, e isto pode alterar seu sentido. Quanto à Bíblia, atualmente existe uma categoria de tradutores chamados exegetas, que estudam e definem como deve ficar o texto traduzido, aproximando-o ao máximo do que o autor quis dizer.

Comentário 2:
       Deus fala ciências para comunicar suas leis.
       Na religião as palavras: palavra, verbo, ciência, logos e conhecimento têm o mesmo significado:

a) A ciência de Deus gera as ciências dos homens, que foram classificadas em dois grupos: leis naturais e leis sociais.

  1) Leis naturais – ou ciências naturais, decorrem da observação da natureza.
                                Por ex.: física, química, matemática, e outras.
  2) Leis sociais – ou ciências sociais, decorrem da observação do comportamento do homem.

b) A vontade de Deus se expressa para cada reino da natureza da seguinte forma:
   1- nos animais e vegetais – se expressa na genética e instintos.
   2- nos minerais – se expressa em seus átomos e cristais.
   3- no homem – Além da genética e instintos, como nos animais, o homem é racional, pensa, e tem liberdade para dispor de si. Nele a vontade de Deus influi na capacidade de praticar o bem, através destas cinco atitudes:
1 - compreender as coisas que acontecem,
2 - se libertar dos seus instintos e desejos,
3 - ajustar desvios genéticos,
4 - confiar em Deus,
5 - viver o bem (a santidade) à semelhança de Deus.

c) Deus fala.
       Deus fala, o homem não ouve. Se ouve não presta atenção, porque vive num mundo agitado, sem tempo para nada. Esquece-se logo, pois está com pressa. Têm outras prioridades, outros deuses a obedecer. Mas quem quer ouvir Deus precisa dedicar seu tempo a ele, acalmar o coração, e fugir da agitação. Diz o livro do eclesiástico (Eclo38,25), ‘A sabedoria do escriba vem no tempo de lazer. Aquele que pouco se agita adquire sabedoria’. Sabedoria do escriba, quer dizer o entendimento da lei pelo escriba. Tudo que o escriba leu e escreveu durante um tempo matura em sua mente, e se revela no momento de relaxamento. Assim acontece conosco. Você ouve discute e até decide, mas só mais tarde quando relaxa é que a melhor solução aparece (mas seria tarde?).


AS CONTRADIÇÕES

Síntese: O homem ouve Deus, mas não entende, e se contradiz.

Comentário:
1- Os atributos.
Os atributos de Deus podem parecer sem lógica, pois Deus é incompreensível. De fato, seus atributos não passam de características humanas que se lhe atribuiu. Isto não significa que Deus é homem, mas que fomos criados por ele, e temos por ele sentimentos de filho. Assim para haver comunicação precisa-se dar-lhe tratamento e atributos humanos; daí se tem um Deus que fala, ouve, corrige, ensina, castiga, abençoa. São atributos porque lhe foram atribuídos, para se entendê-lo, mas quanto mais se aprende dele, vê-se que isto são só atributos. Analiso aqui algumas contradições nos atributos, que são matérias para meditação cristã.

2- Deus é bom e justo.
Deus é bom e justo com todos, e não faz distinção de pessoas. Humanamente falando não se pode ser bom e justo ao mesmo tempo, pois quando se é bom para um é injusto com outro. Ao dar um benefício, quem o recebe receberá mais do que quem não recebe, e se é injusto. Quando se dá com mérito, há justiça, e sem mérito há bondade e injustiça. Mas Deus não dá nada por mérito, e isto é justiça.
No campo da justiça Deus tem dois atributos, o rigor e a misericórdia. Eles exigem temor e respeito, e quem assim procede recebe a coroa da justiça, e como prêmio Deus lhe revela a beleza da criação. E ao grupo é dada união e força, domínio e vitória.
No tempo antigo os hebreus invadiram Canaã e mataram o povo e lhe tomaram as terras. Alguém diz: Mas isso é pecado e injustiça. Religiosamente falando, Israel é o povo de Deus, os cananeus eram politeístas, e não temiam ao Deus de Israel, então não tinham sua proteção e benesses. Neste caso, a justiça pelo rigor da lei é a morte porque eram politeístas. E era o que acontecia. Hoje é tempo de graça e bondade. Deus espera nossa mudança com misericórdia, mas quando acabar este tempo virá o rigor da justiça. Quem não mudou se achará injustiçado, pois quer a graça e permanecer no erro.

3- Espírito ‘burro’ e sabedoria.
Espírito é um estado sem ciência, mas ao mesmo tempo se diz que o Espírito Santo dá a Sabedoria de Deus. Como pode um espírito sem ciência dar sabedoria? Porque o Espírito sabe como agir com perfeição, mas não sabe onde agir, e aguarda ordem para agir. Quem vai dar a ordem é o conhecimento, que tudo conhece, mas não pode agir. Sabe mandar, mas não sabe fazer. O conhecimento administra, e o entendimento age com o conhecimento. O espírito age sobre a ciência. Na criação, em Gênese, Deus criou tudo com sua palavra (ciente ele dava as ordens), e o espírito agia. Deus falava, e a criação surgia.

4- Deus eterno e espírito ação.
Deus é eterno, isto significa que ele é sempre igual, imóvel, e nele nada muda. No entanto o Espírito é ação, movimento. Como pode Deus imóvel ter um espírito móvel? Primeiramente, Deus é poder, e isto quer dizer que ele tem ciência (palavra) e ação. A ciência contém as leis, e o Espírito faz cumpri-las. As leis são fixas, eternas e não mudam, e o Espírito também é eterno e imutável. Não é o Espírito que se move, ele faz a criação se mover. Ele incita a mudança, e faz o homem querer mudar. Perceber o Espírito é sentir que ‘isto é para mim’, que ‘falou para mim’. Deus sustenta (procria) tudo a cada ‘agora’, e dá ao homem a Santidade. Ela é o espírito que ajuda, defende, cuida, e guia para que o homem não erre. O homem gosta de ser enganado, de errar, e quer permanecer no erro, porque desafiando pode mostrar seu potencial (de mal). O Espírito eterno e conselheiro, quer que o homem mude, sugere que se converta, mas o Espírito não muda, o homem é que deve mudar.

5- Fé, obra e salvação.
Deus criou o homem puro e bom. Adão desobedeceu, e pecou. Este pecado é o conhecimento que causa o mal social, que é transmitido na educação, tradição e cultura através dos pais. Mas Deus deu ao homem o discernimento entre o bem e o mal, e ele pode escolher. Se escolher o bem automaticamente renuncia ao mal, e passa a ter atitudes e obras que levam ao bem e a salvação. Deus criou o homem salvo no paraíso. A salvação faz parte do projeto de Deus desde a criação, e agora é confirmada por Jesus, então toda obra em Cristo serve para recuperar a salvação perdida, e não para merecê-la.

6- Liberdade e servidão.
Deus criou o homem livre, e ele pode escolher seu caminho, mas Deus quer que ele seja seu servo. Como explicar isso? Deus nos faz livres, mas quer que sirvamos a ele? O homem é livre, e a liberdade é dada por Deus, portanto é boa. O excesso de liberdade (a liberalidade) é nocivo, e leva ao erro. O homem procura o ‘melhor’ para si, quer tudo de bom, alegando seu direito. Isto leva à liberalidade e ao egoísmo. Retribui o bem com o mal, não cumpre seu dever (a justiça). Tudo o que faz é para se satisfazer, é injusto, e desrespeita o direito do outro. Deus fez o homem livre, mas colocou nele um freio, que é a vontade de viver em paz, em harmonia e com justiça, e lhe deu as leis para alcançá-las. O homem pode ser livre, mas tem o dever de boa convivência, porque só assim ele alcança a liberdade.
Este é o paradoxo, que para se ter liberdade, paz, alegria, boa convivência e desfrutar estes dons, tem que abdicar da vontade própria, ‘deixar de ser livre’, e seguir as leis de Deus. De fato o homem não quer ser livre, pois ele sempre escolhe algo que lhe agrada, e se apega, e se torna servo daquilo que se apega. Então a melhor decisão é se apegar a Deus, deixar de ser livre, e ser seu servo. Porque Deus é justo e bom, e liberta. Logo o homem descobre que o serviço a Deus é gratificante e libertador, e que é o único caminho para a verdadeira liberdade.

7-Livre arbítrio e onisciência
O homem feito à semelhança de Deus tem inteligência para entender e escolher. A semelhança é a liberdade, pois o homem é livre perante Deus. Sem liberdade não há pensamento, pois para pensar o homem precisa ser livre, e isto o faz semelhante a Deus. A liberdade é gerada pela inteligência, e sem ela o homem seria limitado aos instintos como um irracional. A liberdade é o livre arbítrio, a capacidade para escolher entre o bem e o mal, o certo e o errado, a vida e a morte. Algumas pessoas dizem: Deus criou o homem bom, mas ele errou. Porque Deus deixou o homem errar, se Ele sabia disso? Deixou justamente porque deu ao homem a liberdade de decidir, de aceitar e rejeitar. Se interferisse, e não o deixasse fazer o que quer, tiraria a liberdade dele, e ele não seria mais sua imagem e semelhança.

8- Interior ou exterior.
O interior é o pensamento, e o exterior é o comportamento, a aparência do pensamento. A maioria das pessoas só consegue perceber o exterior, então valoriza a aparência e as coisas materiais. Acha que não peca, que é boa, e que não precisa melhorar, mas sente necessidade de demonstrar suas qualidades, e ser reconhecida. Por exemplo. Para ela alegria é um riso mecânico por motivo fútil, que pode ser obtido com um estimulante que afaste a tristeza, faz ficar alegre, e se divertir. Esta é uma alegria externa, falsa e barulhenta para que todos vejam que é feliz. Mas a verdadeira alegria é a interior, silenciosa, que vem do prazer de sentir como a vida é preciosa e bela. Quando se vê as maravilhas que Deus faz, o nascer e o por do sol, uma flor, um amigo, um ente querido, o som do mar. Para isso é preciso estar consciente, racional, sem efeito de estimulantes. Deus tudo criou com a intenção de alegrar os homens, fazê-los felizes, e revelar para eles o belo, a alegria, maravilhas e delícias. Para se conhecer o ‘interior’ é necessário silêncio, concentração, pureza de pensamento, inteligência simples e oração.

9- Pedagogia das parábolas e paradoxos.
Deus fala, e ensina em gotas de sabedoria, mas cada gota dele é um mar para nós, tão grande é sua ciência. Por isso ele usa parábolas, alegorias e paradoxos para falar conosco, pois elas são um meio de comunicação eficiente e democrático, e permite que todos tenham acesso à instrução divina. Desta forma Deus ensina a cada um de acordo com a sua capacidade de compreensão. Ao ler um texto bíblico, aprende-se, mas cada vez que se lê novamente o mesmo texto, aprende-se mais. Por isso foi dado a estes ensinamentos o nome de ‘Boas Novas’ (Evangelho), porque cada vez que os lemos, aprendemos coisas novas e boas como se não tivéssemos lido antes.
Os paradoxos são ensinamentos mais elaborados, e exigem um comprometimento maior, da pessoa, com o estudo bíblico. O leitor primário lê, e aprende pelas parábolas e alegorias. Relê várias vezes e aprende mais. Até perceber que estes ensinamentos se combinam em paradoxos e contradições. A parábola é como uma charada, e o paradoxo é como um quebra-cabeça para ensinar coisas mais avançadas. Mas o entendimento correto de tudo, vem do Espírito Santo, como diz o profeta Jeremias (Jr31,33): ‘Eis a aliança que então farei com a casa de Israel. Incutir-lhe-ei a minha lei; gravá-la-ei em seu coração. E ninguém terá encargo de instruir seu próximo ou irmão, dizendo: ‘Aprende a conhecer o Senhor’, porque todos me conhecerão, grandes e pequenos’. E João diz na sua primeira carta (1Jo2,27): ‘Quanto a vós, a unção que dele recebestes permanece em vós. E não tendes necessidade de que alguém vos ensine; mas, como a sua unção vos ensina todas as coisas, assim ela é verdadeira e não mentira’.
Os ensinamentos por paradoxos não são ensinamentos ocultos, interpretações esotéricas, comum entre os 'estudiosos' da Bíblia. O ocultismo distorce o verdadeiro ensinamento, porque Deus é ciência de luz e clareza de pensamento, e não ciência oculta. Os paradoxos ficam claros na Bíblia quando o homem se dedica ao estudo dela.
Exemplo de paradoxo:
Nos livros dos Reis e das Crônicas, consta que no reinado de Davi, ele projetou o templo, adquiriu os materiais, organizou o culto, classificou os sacerdotes e levitas, mas foi seu filho, o Rei Salomão, que edificou o templo, seguindo as instruções do pai. O sacerdote Sadoc (filho de Eleazar e neto de Aarão) foi quem organizou o culto no tabernáculo no tempo de Davi. Passou o tempo e o povo judeu se contaminou com o paganismo, e o introduziu no templo. As reformas do culto eram feitas, voltando aos moldes do tempo de Davi (Sadoc). As maiores reformas no culto foram nos reinados de Ezequias, e de Josias. Quando Judá foi tomada por Nabucodonosor os sábios e mestres judeus foram deportados para a Babilônia. Lá aprenderam mais do paganismo, e fizeram um sincretismo com a Lei. Quando voltaram à Jerusalém, encontraram o culto baseado nos ensinamentos de Sadoc (os saduceus), e diferente do deles (os fariseus). Devido a isso surgiram os partidos dos saduceus e dos fariseus, com doutrinas diferentes sobre alma e espírito, e vida após a morte. Aos poucos os ensinamentos saduceus foram sendo desprezados, e até os dias de hoje prevalece no cristianismo o ensinamento contaminado dos fariseus.

10- Profeta ou mendigo?
A pessoa distraída não difere um profeta e um mendigo, mas a observadora reconhece o profeta pela sua sabedoria. Sabe que ele é simples, mas que Deus exalta quem se humilha. O profeta se humilha para Deus e para os homens, mas Deus o exalta dando sabedoria, o faz seu amigo, e lhe fala pessoalmente. O mendigo é o oposto.

11- Outras contradições para estudar.
Deus é invisível, mas é luz.
Deus está presente, pode ser encontrado, mas é inatingível.
Deus sabe tudo, e não impede o mal.
Deus não pode ser comparado a nada, mas fez o homem sua imagem.
Deus não criou o mal, mas o mal existe.


ORAÇÃO

Síntese 1: A oração (e o louvor) é a verdadeira religião, pois religa o homem a Deus.
Síntese 2: A oração e o louvor são os sacrifícios que mais agradam a Deus.

Comentário 1:
Oração de arrependimento e reconciliação.
Meu Deus perdoe meus pecados, muda meu coração, e me faça temente a ti. Não deixe que eu me afaste de ti, pois é o meu Deus. Sei que me atrai com mansidão, paciência, simplicidade, humildade, misericórdia, alegria, amor e bondade. Que de graça adia sua justiça para o mais tarde possível, porque é bom, clemente e longânime, espera que eu me arrependa, para me perdoar. Eu me arrependo, pois sei que sou ingrato e infiel. Perdoe-me, e tire a infidelidade e ingratidão dos meus pensamentos. Faça que eu dê mais valor a ti, do que às coisas do mundo, pois é triste e vergonhoso ser ingrato com quem me sustenta, me mantém vivo, me dá saúde, vida e enche minha vida de maravilhas e delícias.
Sou pequeno, mas me acho grande, e quero ser meu dono. No fundo sou rebelde, arrogante, convencido e afastado de ti. Não permita que isto aconteça. Perdoe-me, e tire de mim estes vícios. Muda-me, faça-me temente e grato. Corrija meu caminho para que seja reto e plano como o seu, e nele o Senhor possa se manifestar. Não me deixe me afastar de ti. Agradeço-te, pois sei que olha para minha culpa para me converter, não para me castigar. Revela-me, ensina-me corrigir minhas falhas, pois o Senhor é a única esperança de mudança em mim. O Senhor é meu mestre, guia e pastor. Confio na sua misericórdia, e peço que me guie pelo caminho de Cristo, pois ele leva a ti. Caminho iluminado pelo seu Espírito, onde encontro paz, alegria, amor, segurança, união, saúde, vida, força para viver, salvação de todo perigo e perdição. O Senhor é refúgio e socorro garantidos todos os dias da vida. Tudo como ensina Jesus Cristo. Amem.

Comentário 2:
Oração da manhã:
Meu Deus eu te louvo, te bendigo, te exalto e te glorifico, porque é o meu Deus, porque Jesus é meu Senhor e Salvador, e seu Espírito meu conselheiro e pastor. Agradeço pelo dia de hoje, pelas bênçãos e graças, delícias e maravilhas. Pelo sol, pela chuva, pelo vento, pelo mar, pelo solo fértil, pela semente que germina. Pelas florestas e campos, flores e frutos, perfumes e cores, sabores e sons. Pelos sentidos, a nutrição e a vida. Agradeço pela minha vida, pela saúde, a paz, a alegria, o silêncio. Pela fé, a esperança e a confiança em ti. Pelo trabalho, o descanso e o sono.
Peço que perdoe meus pecados, e dê seu Espírito Santo a todo mundo. Abençoe os governantes, as autoridades, os políticos e os religiosos. Abençoe o mundo, o Brasil e todos nós. Abençoe os pobres, os miseráveis, os necessitados, os flagelados, e os presos. Cure os doentes, enfermos e acamados. Dê de comer a quem tem fome, e uma casa a quem não tem onde morar. Mas, sobretudo, que o Senhor nos dê seu Espírito Santo para nos moldar, conforme sua vontade. Faça a oração do pai nosso. Por Nosso Senhor Jesus Cristo. Amem.

Comentário 3:
Oração da noite:
Deus Altíssimo e Todo Poderoso, te louvo, te bendigo, te exalto, te glorifico, te amo e te adoro porque é o meu Deus. Porque Jesus Cristo é o meu Senhor, salvador, mestre, rei, juiz e libertador; e seu Espírito Santo é o meu pastor, guia, conselheiro e consolador. Louvo-te e te bendigo, te exalto e te glorifico porque é maravilhoso, grandioso, admirável, e me sustenta com maravilhas e delícias. Louvo-te e te bendigo, te exalto e te glorifico, porque é amor, vida, luz, paz, alegria, ciência e sabedoria. Porque é bom, misericordioso, compreensivo, paciente, santo, puro, perfeito, fiel, verdadeiro, único, justo, clemente, generoso, longânime, sustentador, dominador, excelso, magnânimo, vingador e vencedor. Louvo-te e te bendigo, te exalto e te glorifico, porque é minha rocha, segurança, fortaleza, refúgio, escudo, sustento, descanso, socorro e salvação. Louvo-te e te bendigo eternamente.
Peço que nos abençoe e perdoe nossos pecados, os meus e os de todo mundo. Da minha família (cite seus nomes), de meus parentes e suas famílias (cite seus nomes), de meus amigos e conhecidos (cite seus nomes). Abençoe as pessoas boas, e dê uma porção dupla às más, para mudá-las, conforme sua vontade.
Faça a oração do pai nosso. Por Nosso Senhor Jesus Cristo. Amem.

Comentário 4:
Oração às refeições.
Senhor Deus, eu te louvo e te bendigo porque é bom e misericordioso, e nos sustenta apesar de nossos pecados, porque é Santo. Por isso te agradeço pelo sustento, o alimento, o ar que respiro, a água que bebo e seus ensinamentos diários. Por Nosso Senhor Jesus Cristo. Amém.

Comentário 5:
Oração de agora (de todos os instantes).
Senhor ensina-me. Senhor salva-me. Senhor cura-me. Senhor abençoa-me.
Através do Nosso Senhor Jesus Cristo. Amém.
Enquanto fala, pense:
Senhor ensina-me sua vontade. Se eu não entender, salva-me das consequências dos meus erros. Se eu não permitir cura-me da dor causada por eles.




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